Do real colonial ao real de hoje: conheça todas as moedas do Brasil
Você sabia que, desde a independência, o Brasil já passou por nove padrões monetários diferentes?
Isso mesmo, nesses 200 anos o Brasil teve nove moedas diferentes, entre elas algumas com nomes em comum.
Quer conhecer um pouco da história do padrão monetário brasileiro? Confira a lista abaixo!
A primeira moeda brasileira foi, na verdade, ‘importada’ do período colonial. Por não ser uma moeda fracionável em centavos como o real atual, o antigo real ficou mais conhecido pelo seu plural ‘réis’.
O padrão monetário já era adotado em território brasileiro quando o Brasil se tornou independente de Portugal. A primeira versão do real brasileiro foi oficialmente implementada em 1833 e permaneceu como moeda oficial do país até meados do século XX, sendo a moeda mais longeva de nossa história.
‘Cruzeiro’ é o nome de moeda que mais se repetiu ao longo desses 200 anos do Brasil como uma nação independente. O nome é uma homenagem à constelação Cruzeiro do Sul, um dos principais símbolos do país.
O padrão monetário foi implementado em 1942 pelo governo de Getúlio Vargas como maneira de uniformizar as cédulas em circulação no país – no momento, eram mais de 50 cédulas de réis circulando pelo país – e de combater a desvalorização da moeda nacional. Durante os primeiros anos do regime militar brasileiro, foi cancelada a fragmentação da moeda.
Mais uma vez tentando combater a desvalorização da moeda, o governo militar decidiu pela implementação de um padrão monetário temporário.
Com a implementação do cruzeiro novo, veio um corte de três zeros na moeda, ou seja, mil cruzeiros passaram a valer um cruzeiro novo. As notas de cruzeiros receberam um carimbo do Banco Central com seu novo valor de acordo com a nova moeda.
Você não está lendo errado. O novo padrão monetário, que veio após o cruzeiro novo e com o objetivo de substituir o antigo cruzeiro implementado no Estado Novo foi… o cruzeiro.
Ao ser implementado, o cruzeiro substituiu diretamente o cruzeiro novo com equivalência de valor – um cruzeiro novo valia um cruzeiro. Em 1984, devido à desvalorização da moeda, os centavos foram retirados novamente. O padrão monetário foi substituído logo após a redemocratização do país, mas o nome cruzeiro ainda retornaria novamente.
O Plano Cruzado foi mais uma das muitas tentativas do governo federal de tentar conter a inflação a partir de um novo padrão monetário.
A implementação da nova moeda, nome inspirado em uma antiga moeda portuguesa que circulou ao longo do período colonial, foi acompanhada de uma forte política de congelamento de preços. O sucesso, no entanto, foi temporário e o Cruzado ficou pouco tempo em circulação.
Assim como o cruzeiro novo, o cruzado novo foi implementado como uma moeda temporária. Mais um corte de três zeros aconteceu.
Uma curiosidade sobre a implementação do cruzado novo é que não houve a criação de notas de 1, 5 e 10 cruzados novos. Ao invés disto, o BC aproveitou as notas de 1.000, 5.000 e 10.000 já em circulação e adotou os tradicionais carimbos, que sinalizavam o novo valor do papel.
O cruzeiro fez seu segundo retorno como padrão monetário brasileiro em 1990 durante o Plano Brasil Novo – mais conhecido como ‘Plano Collor’.
Em um momento de instabilidade econômica e política no país, Collor era o quarto presidente em cinco anos, o ‘Plano Collor’ ficou infame pelo fisco de poupanças. Cerca de 80% de todo o dinheiro aplicado em cadernetas no Brasil ficou retido no BC por 18 meses, uma quantia avaliada em aproximadamente R$ 100 bilhões, 30% do Produto Interno Bruto brasileiro na época.
A elevada inflação persistiu ao longo dos primeiros anos da década de 1990. Produtos básicos no supermercado chegaram a ser avaliados em milhares de cruzeiros, um movimento que forçou o governo a mais um corte de zeros na moeda.
Uma unidade de cruzeiro real era o equivalente a mil cruzeiros. O cruzeiro real foi a moeda com menor tempo de circulação na história do Brasil, apenas 11 meses.
A moeda oficial atualmente em circulação no Brasil foi implementada em 1994 durante o Plano Real, um projeto liderado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso – que se elegeria presidente do Brasil em 1994 e em 1998.
O Plano Real foi a maior e mais ampla reforma econômica já executada no Brasil e, assim como seus antecessores, tinha o objetivo de conter a hiperinflação – que costumeiramente passava dos 20% ao mês. Em circulação desde 1994, o real já é a segunda moeda mais longeva da nossa história, atrás somente do seu homônimo original do período colonial.
A seguir, confira cédulas dos diferentes padrões monetários já implementados no Brasil desde a independência. Todas as imagens são do acervo do Banco Central do Brasil.
A moeda mais valiosa para os colecionadores, no Brasil, é a peça confeccionada em 1822, em comemoração à coroação de Dom Pedro I. No mercado, ela está avaliada em R$ 400 mil. Na época, ela valia 6.400 réis e foi confeccionada em ouro 22 quilates.
Autor do livro Brasil em Cédulas & Moedas na visão de um colecionador, José Rodrigues Pinto detalha que as peças são classificadas em três tipos. As moedas bem conservadas (MBC) têm o menor valor, mas valem para os colecionadores. Em seguida, aparecem as “soberbas”, que tiveram pouca circulação no comércio e a “flor de cunha”, que saiu da Casa da Moeda e praticamente não foi tocada.
“Há até a maneira correta de manusear, pegando no eixo (no aro, entre o dedo indicador e o polegar), porque o suor das mãos, o calor, acaba alterando a qualidade da moeda”, detalhou.
O Brasil já passou por nove trocas de padrão monetário. O Real (também conhecido como Réis) durou de 1500 a 1942. Depois, de 1942 a 1967, circulou o Cruzeiro, seguido do Cruzeiro Novo (1967 a 1970), Cruzeiro (1970 a 1986), Cruzado (1986 a 1989), Cruzado Novo (1989 a 1990), Cruzeiro (1990 a 1993), Cruzeiro Real (1993 a 1994) e Real (a partir de 1994). (ST)